sábado, 9 de fevereiro de 2008

CONTRACULTURA

Os 10 mais lendários casamentos entre música e política
Como veículo legítimo e livre de amarras, a música é plataforma para os mais diversos impulsos humanos, entre eles, a indignação, a idéia de mudar o mundo ou o simples apoio a determinada causa; a seguir, reunimos um apanhado com dez exemplos sônicos de politização.
Caio Martins - Se o Pearl Jam fará diferença no desenrolar das primárias democráticas, não importa muito. Fato é que diversos músicos, assim como os roqueiros de Seattle, não fogem da raia quando o assunto é política. O objetivo, mais do que causar comoção nacional, é sentir que não se pode ficar alheio ao que se passa. Afinal, o papel do artista é retratar poeticamente seu tempo. É claro que os músicos pop também são conscientes da massa de seguidores que os persegue. Logo, fiéis levantam o ibope das canções e o conteúdo atinge maior ressonância. Por isso, personalidades, segurem o tcham: todo cuidado é pouco com a imagem pública se por acaso vocês estiverem sob o julgo de rock stars. Abaixo, listamos dez canções e episódios em que música e política se fundiram.
1. "Hang the Pope", Nuclear Assault - Jéééésus! Essa banda nova-iorquina de thrash metal fazia questão de jogar o bom senso pela janela. De maneira bem-humorada - isto é, depende do quão longe vai seu gosto por humor negro - o Nuclear Assault foi uma das poucas bandas de hardcore/crossover que balanceava seu criticismo social (por vezes manjado) com manifestações grotescas de grindcore. Um desses espasmos é "Hang the Pope". Mais do que um hino anti-clerical, a canção é a imagem de jovens ateus divertindo-se com os clichês satânicos do estilo, condenando o Papa João Paulo II à mesma morte experimentada por tantos outros durante a Inquisição, há 300 anos. "Let`s go to the Vatican/Gat him out of bed/Put the rope around his neck And hang him ‘til he's fucking dead".
2. "California Über Alles", Dead Kennedys - George W. Bush não é o primeiro republicano a misturar política com fundamentalismo religioso. Pelo menos é isso que Jello Biafra, frontman dos Dead Kennedys, dá a entender em "California Über Alles". A canção também é recado direto a um político - neste caso o então governador da Califórnia, o ultra-conservador Jerry Brown. Nela, acusa-o de querer abusar de sua megalomania para se tornar um mix de Aiatolá com Hitler. "Um dia eu serei Führer/Vou comandar todos vocês/Suas crianças vão meditar na escola". Um ano depois, os DKs fariam uma ótima paródia de sua própria música, "We've Got a Bigger Problem Now". Além de transformarem a versão original em cool jazz, Biafra atualizou as letras e mandou pau no caubói/galã de cinema/presidente neoliberal Ronald Reagan. Ao invés de antever campos de concentração, Jello, mais astuto, citou os campos de morte que a política externa americana havia criado pelo mundo afora: "Morra em nossos novos gases tóxicos/El Salvador ou Afeganistão/Fazendo caixa para o presidente Reagan".
3. "Washington Bullets", The Clash- As referências políticas aqui são tantas que, para o ouvinte, fica a sensação de que Joe Strummer leu e releu o versículo "Guerra Fria" na Barsa. Em suas primeiras estrofes, "Washington Bullets" oferece muitas homenagens a Fidel Castro ("Castro is a color that is redder than red/Those Washington bullets want Castro dead") e Salvador Allende, além da celebração da Revolução Sandinista na Nicarágua - conteúdos alinhados com a estética militar da banda, algo que os envolvia na ética panfletária e demagoga do realismo socialista. Para sorte da inteligência, The Clash (no destaque) mostrou que não era de fazer propaganda para ninguém não: de forma articulada, citou as atrocidades cometidas pelos soviéticos ("And if you can find a afghan rebel that the Moscow bullets missed/Ask him what he thinks of vote communist") e chineses ("Ask Dalai Lama in the hills of Tibet/How many monks did the chinese get?"), pintando um quadro fiel às maquinações que mancharam com sangue as ideologias de ambos os blocos. Visão plena de punks que alcançaram maturidade.
4. "No W", Ministry- Primeira faixa do álbum inteiro dedicado a George W. Bush Houses of The Molé, "No W" abre um set de nove músicas, sendo que todas as restantes, além de se referir direta ou indiretamente ao Lorde da Guerra, começam com a letra W. (Alerta aos desavisados: na Terra do Sam, para diferenciá-lo de seu papai, o atual presidente yankee é chamado por alguns apenas de "W"). O refrão poderoso de Carmina Burana, sujado por densa mixagem, é executado sobre samplers de discursos de W. Bush desfiando seus conceitos abstratos sobre "terrorismo" e "eixo do mal". A seguir, vocalista/berrador Al Jourgensen dá o tom com frases impagáveis como "Half the world is on the toilet and half on its way", ou "Ask me why you feel deceived and stripped of all your liberties/It doesn't take a genius to explain that today". R.E.M., Bruce Springsteen e Green Day se gabam de suas vagas (e lucrativas) críticas aos EUA pós-11 de setembro, mas só a máquina desumanizada do Ministry fez algo contundente a respeito.
5. "Let`s Start a War... Said Maggie One Day", The Exploited- O que seria do Exploited se não fosse pela Margaret Thatcher? A Dama de Ferro do Reino Unido, primeira-ministra do país por 11 anos (1979-1990), pôs seu nome nos anais da história pelas agressivas reformas neoliberais na Inglaterra - o que jogou as taxas de desemprego lá pra cima, no alvorecer dos anos 80. Em pleno auge do clima escapista da Synth Pop, os punks do Exploited gastavam menos tempo em imitar os maneirismos de David Bowie e menos dinheiro com sintetizadores, preocupados que eram em malhar incansavelmente a "Maggie", como chamavam a governanta. O apelido, inclusive, foi usado no título do segundo álbum: Let`s Start a War... Said Maggie One Day, de 1982 (foto menor) - mesmo ano em que Thatcher guerreou com nossos hermanos argentinos pelas Ilhas Malvinas. Engraçado notar que, tão logo a crise econômica foi domada no Reino Unido, o Exploited virou peça de museu.
6. Roqueiro = político- Há quem canse de brandir a guitarra e parta direto para o peito-a-peito. Frank Zappa, por exemplo, concorreu para as primárias do Partido Libertário dos Estados Unidos, nanico eleitoral daquele país, em 1988. Zappa já tinha presença política atuante nos anos 80. Na turnê do mesmo ano, o maestro fazia campanha junto a seu público, incitando-os a simplesmente participar do pleito eleitoral. Gesto louvável, considerando que voto não é obrigatório nos EUA, o que ocasiona altos índices de abstenção em eleições presidenciais.
7. Roqueiro = político, parte 2- Antes mesmo de estrear pelo Dead Kennedys com o clássico Fresh Fruit For Rotting Vegetables, Jello Biafra se candidatou a prefeito de San Francisco, em 1979. Até que não foi tão desastroso: recebeu pouco mais de 6,5 mil votos, cravando a quarta posição nas eleições. Entre outras propostas, sua plataforma eleitoral incluía banir o uso de carros como meio de transporte e obrigar todos os executivos da cidade a se vestirem como palhaços. Jello contou até com carreatas: seus simpatizantes mostravam, em faixas e placas, dizeres como "Se ele não for eleito, eu me mato" e "E se ele ganhar?!". Para quem pensa que Biafra encara política como brincadeira, porém, deve saber primeiro que, na discografia de sua carreira pós-Dead Kennedys, figuram oito LPs sem qualquer música, contendo apenas discursos políticos (!) que veiculam algumas das idéias e opiniões do garoto-crânio do punk.
8. "God Save The Queen", The Sex Pistols- O que caracteriza a trajetória dos Sex Pistols é a dicotomia que os cerca: a provocação que veiculava a crítica ácida era inegável. Sob a batuta do empresário Malcolm McLaren, contudo, o grupo passava a impressão de que tava afim mesmo de escândalos e controvérsias - comida favorita dos tablóides britânicos. Ou seja: puro e fino marketing. "God Save The Queen" é ótimo exemplo: seu título original é "No Future". De acordo com o vocalista Johnny Rotten, a idéia era ridicularizar o culto à pompa da realeza e o espaço que ela ocupava no cotidiano da vida britânica, em tempos de vacas magras. McLaren, muito vivo, resolveu alterar o nome da música e lançá-la como single. A data? O jubileu de prata da Rainha Elizabeth, durante o qual a banda divulgou o hit de um barco no rio Thames. Logo após, foram detidos pela polícia, arranjaram briga com o país inteiro e o single disparou para o topo do UK Chart. Isso sim é cinismo.
9. "Fernandinho Veadinho", Garotos Podres- Depois das massivas manifestações das Diretas Já, em 1984, o último momento em que o povo brasileiro sentiu que poderia fazer a diferença na política do país foi o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992. Claro que o movimento das caras-pintadas, mais do que fator determinante, foi a apoteose de um processo irreversível. Mas quem participou daquele panelaço teve revigorante sentimento de poder nas mãos. Falou de protesto, falou de corrupção... falou de Garotos Podres. Se para eles foi fácil corroer a figura do Papai Noel, mais fácil ainda foi detonar o homem que hoje, quem diria, está de volta ao congresso nacional como deputado. Não faltam menções ao seu "aquilo roxo", ao famoso jet-ski, à "biita" primeira dama ("Elle se diz um cidadão respeitável/Até se casou com uma boneca inflável") ou sua formação marcial em karatê. Para completar, o vocalista Mao tira o seu da reta: "Esta é uma história fictícia. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Espero que ninguém vista a carapuça". "Elle" é cruel...
10. "Luís Inácio (300 picaretas)", Paralamas do Sucesso- Essa música do Paralamas, gravada em 2000, ainda pagava homenagem a Lula como a maior esperança da "esquerda" brasileira. Derrotado em três ocasiões consecutivas (1989, 1994 e 1998), as expectativas a respeito do governo petista eram altas. Seis anos se passaram depois de Lula assumir a presidência e os Paralamas ainda não escreveram nenhuma música sobre o mensalão, as mortes dos prefeitos de Santo André e Campinas, as dezenas de ministérios inúteis criados, as políticas de cotas, os cartões de crédito... Alguém Alguém avisa o trio que os picaretas são muito mais que 300. http://msn.skolbeats.com.br/beatsbox/noticias/1188
....e O "ROCK em RONDÔNIA"...Não´poderemos esquecer das bandas politizadas DHC, Malcriados, Vítimas do Sistema, Diarréia Krônica, Ovelhas Negras, que sempre colocaram e colocam suas opiniões políticas em seus sons, a música "Porto Velho kaos" é um exemplo, quem já ouviu e já viu um som dessa rapaziada sabe disso! VIVA A REVOLUÇÃO BERADEIRA!!!!
malcriados_pvh@hotmail.com
Editado por DREIS.

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